terça-feira, 12 de junho de 2012

A Morte


Acabo de me lembrar de como é a sensação da morte para aqueles que permanecem vivos. É algo estranho, uma indignação com o mundo, mas não pela morte em si, mas pelo resto do mundo continuar vivendo como se nada tivesse acontecido, porque na verdade não aconteceu mesmo, para todas as outras pessoas do mundo, as coisas continuam funcionando da mesma forma de sempre. Esse é o pior momento, diria que o pior dia das vidas das pessoas que perderam alguém querido.
Uma vez eu ouvi que não choramos o fato da pessoa ter morrido, a morte em si, mas a falta que nos fará e todos os momentos posteriores ao acontecimento que nós nos lembraremos e pensaremos que a pessoa que morreu estaria gostando, o que estaria dizendo e etc. Mas eu acho que este choro fica mais forte diante da indiferença do mundo perante nosso sentimento naquele momento. Mesmo que haja pessoas próximas que vão te abraçar, consolar e etc. você sabe que essas pessoas, quando chegarem em suas casas ou não estiverem mais sobre a sua presença, seguirão suas vidas normalmente.
Eu, particularmente, não sei o que dizer quando alguém próximo a mim recebe uma notícia como essa. Para falar a verdade, eu não sei o que fazer quando eu mesmo recebo essa notícia. É por isso que me reservo ao meu silêncio, porque eu sei que se eu resolver falar alguma coisa eu vou falar besteira e também porque, não importa o que eu diga, o que eu faça, nada vai mudar.
As Moiras cuidam dos nossos destinos, tecem nosso fio da vida e o cortam quando julgam que isso deve ser feito e elas fazem isso a milênios, nem s próprios deuses podem interferir em seu trabalho, até eles estão submissos às suas decisões.
Enfim, não sei mais o que posso dizer, não sei consolar ninguém, e foi por isso que eu escrevi este texto às 7h da manhã, quando uma notícia como essa chegou para alguém próximo a mim, e eu sei que essa sensação de impotência é dilatada pelos continentes.