domingo, 14 de fevereiro de 2010

Je Ne Sais Pas

Texto escrito por mim, baseado em uma conversa real. Eis minha história de começo real e final inventado.

     Estava num chat internacional. Eis que surge uma imagem de webcam sobre a minha. Um rapaz de rosto magro, olhos grandes e cabelo cacheado. Não era nenhum deus grego, mas era bem bonito. Começamos a conversar. Perguntou de onde eu falava, disse Brasil. Ele era francês. Disse que adoraria vir ao Brasil um dia. Perguntei se conhecia uma cantora, disse que sim, a adorava. Começamos uma pequena conversa a respeito do cinema francês. Depois de uma breve conversa sobre o assunto, me pediu para dizer algumas palavras em francês, afinal disse os nomes dos filmes no idioma original. Como não sabia muita coisa, disse “Je ne sais pas”. Ele me parabenizou, disse que não tinha nenhum erro. Eu ri, então ele disse que meu sorriso é bonito. Agradeci um pouco tímido. Pediu para que eu dissesse algumas palavras em português. Disse “Eu não sei” e coloquei “Je ne saias pas” entre parênteses. Ele propôs um jogo, um ensinaria ao outro palavras do seu idioma. Disse que gostava de português, e que o idioma é bonito, como uma musica. Perguntou como se diz “Hello, my name is...”. Eu disse “Olá, meu nome é...” e perguntei como seria em francês. “Bonjour, je m'appelle...”, ele respondeu. Logo em seguida mandou “Olá, meu nomé é Gary”. Disse que estava certo, mas depois notei o acento em “nome” e disse q o certo era sem. Ele disse para dizer em francês, e então escrevi “Bonjur, je m’appelle Gabriel”. Ele disse “Gabriel? Such a beautiful name!”. Depois perguntou como seria “I Love you”, e eu disse “eu te amo” e logo em seguida mandei “Je t’aimme, right?”. Ele disse que era só um “m”. Perguntou mais algumas coisas.
     Depois de um tempo, me mandou algo como “você pode mudar de pessoa se não quiser responder: você é gay? (eu não me importo se você for)”. Se não oi isso, foi parecido. Respondi na boa. Disse ser bissexual. Ele disse que também era, mas não sabia a palavra. Disse “Whatever, you're a pretty Guy”. Eu disse “u too”. Perguntou como se dizia “you're very cute or beaultiful”. Disse “Você é muito fofo or lindo, bonito”. Ele disse: “So: você é muito bonito”. Perguntei como era em francês e ele disse “tu es très beau!”. Repeti a sentença, ele agradeceu. Rimos. Ele disse que amava meu sorriso, que era muito fofo, não só o sorriso, mas quando sorria especialmente. Perguntei se tinha conta em algum desses sites de relacionamento, então me passou o Facebook. Fui logo adicioná-lo.
     Pouco mais tarde, disse que queria me ver descoberto (Eu usava um lençol enrolado no corpo). Tirei tranquilamente, mas me cobri rápido, com a mesma agilidade que tinha tirado. Disse que estava envergonhado, ele pareceu não entender, então corri num tradutor e passei para o francês. Então ele disse “1 point!”. Nessa brincadeira fui falando nomes de músicas, palavras avulsas que conheço, e a cada uma, um ponto. Descobri que ele conhecia uma garota canadense “Coeur de Pirate” quando mandei o nome de uma musica. Cheguei aos dez pontos quando mandei parte do refrão. Então ele disse que eu ficava “so cute” cantando essa música, e anunciou minha “vitória”. Quando disse isso, tirou a blusa que vestia. Eu havia esquecido que, assim que anunciou o primeiro ponto, ele disse que quando completasse os dez, faria isto. Perguntou então “am I still "fofo"?”. Eu disse que sim.
     Notei que ele parecia cansado, perguntei se estava com sono, ele respondeu que sim, mas estava gostando de conversar comigo. Falei sobre seu cabelo, disse que gostava dele. Ele disse que o odiava, mas agradeceu. Perguntou o que eu fazia da vida. Disse que estudava e fazia teatro. Perguntou o que eu estudava. Disse que estava no ultimo ano da escola. Então ele perguntou “Why am I the only one without my up?:p”. Me descobri, ele disse que eu parecia envergonhado, disse que estava. Perguntei o que ele fazia. Ele disse que estudava medicina, estava no primeiro ano.
     Ficamos em “silêncio” por um tempo. Disse para eu dizer alguma coisa, mas eu não sabia o que dizer. Acabei por perguntar sua idade, tinha 18, disse que tinha 16. Ele não acreditou, disse que parecia ter 18 ou 19 anos. Depois disso, falou que voltaria em dois minutos. Levantou-se, saiu da frente da câmera, logo apareceu ao fundo, com alguma coisa na mão, abriu um armário no fim do quarto, tirou outra coisa, então pude notar que segurava um paletó, e que o que tirara do armário era um cabide. Pendurou o paletó, guardou. Arrumou mais algumas coisas, pegou uma roupa, apagou a luz, tirou a roupa e colocou um pijama. Não deu para ver nada, se trocara de lado, mas mesmo assim, fiquei um tanto espantado por fazer isto com a webcam ligada na frente de um estranho. Sumiu e quando apareceu novamente, já estava sentado na cadeira. “I’m back now”, disse. Ele havia colocado uma camiseta, mas logo a tirou. Perguntou se eu tinha visto alguma coisa. Falou que apagou a luz, mas não sabia se tinha sido o suficiente. Disse que não foi, mas mesmo assim, não vira nada de mais. Perguntou para mim se eu estava com frio, talvez por eu me “abraçar” muito. Disse que não, mas que ele devia estar, pois na França era inverno naquela época. Ele disse que não, que seu quarto tinha aquecimento.
     Perguntei se conhecia um filme chamado “L’homme de as Vie” ele disse que não. Perguntei se conhecia “Skins”. Ele respondeu empolgado que sim, amava. Começamos a falar sobre a série. Pouco depois, perguntei se morava em Paris, disse que sim e que estava nevando. Eu disse que aqui estava muito quente. Ele disse que gostaria de estar aqui, que o frio é muito triste.
     Falei para ir dormir. Perguntou se queria “me livrar” dele. Respondi que não, que havia dito isso por ele parecer cansado. Ele disse que estava mesmo, mas estava gostando da conversa. Conversamos mais um pouco, então ele sucumbiu ao cansaço e disse que ia dormir. Nos demos boa noite nos três idiomas, inglês, francês e português.
     Depois dessa conversa encantadora, resolvi sair do site, desligar o computador e ir dormir. Fiquei rolando na cama por um tempo, me perguntando quando o veria de novo, se é que o veria. Me apaixonei por aquele francês desconhecido.
     Alguns anos depois, fui à Paris. Estava de passagem, fui passar um fim de semana lá, pois estava estudando na Inglaterra a respeito do teatro medieval, fazendo alguns cursos e etc. Estava vendo uma vitrine de uma loja de roupas, quando algo me disse que deveria olhar para trás, não sei por que, mas sei que o fiz. Quando me virei, vi um pequeno grupo de pessoas andando e, depois que eles passaram, vi um homem, do outro lado da rua, vendo uma vitrine, com um casaco no braço, um copo de café na mão. Olhai bem, me parecia familiar. Cabelos cacheados. Estava de lado, não dava para ver direito seu rosto. Então, ele virou o rosto na minha direção, não olhando para mim, mas deu para ver o rosto, perfeitamente. Atravessei a rua, rapidamente, na direção daquele homem vestido de branco, cutuquei seu ombro. Ele se virou.
     - Gary?

FIN!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Amor? Paixão?


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